Festividade de Sant'Ana 2020: conheça a história da fé e devoção em Igarapé-Miri


A devoção de Sant’Ana em Igarapé-Miri, veio de Portugal, ainda em 1704, com a vinda de Antonio Gonçalves de Oliveira e sua filha, menor de 8 anos, Ana Gonçalves de Oliveira, que chegaram a Igarapé-Miri trazendo uma efígie de Sant’Ana, tinha como sua madrinha, a qual foi adquirida em 1700 na cidade de Lisboa, para o seu batizado, ainda em Portugal, uma linda imagem com 87 centímetros de altura, sendo 22 centímetros de pedestal e 65 de corpo propriamente dito, destacando-se, Sant’Ana em pé, com uma expressão que denota à arte com que foi esculpida.

Ao lado está a Santa Maria e o Menino Jesus, e ao redor de seus pés, seis anjinhos completam a bela imagem, a qual é venerada pelos fiéis de Igarapé-Miri. Conforme diz o Tenente – Coronel Agostinho Monteiro Gonçalves de Oliveira, em Crônicas de Igarapé-Miri, obra lançada pela Tipografia ad Imprensa Oficial do Estado do Pará em 1899, “Em 1714, Ana Gonçalves de Oliveira, filha do agricultor Antônio Gonçalves de Oliveira, casou-se com o comerciante português Jorge Valério Monteiro, oportunidade em que houve uma demanda imperial quanto ao terreno em que habitavam. Ana, em oração e fé, pediu a intercessão de Sant’Ana, tendo sido atendida. Logo no mesmo ano de 1714, fez a primeira festa. Para isso conseguiu, em Belém, um padre para a celebração da Santa Missa no dia 26 de julho e logo construiu uma capela para as realizações dos festejos, que continuaram até 1730, quando, com diversos filhos em idade escolar, o casal, que estava em condição financeira equilibrada, resolveu voltar para Portugal, tendo vendido a propriedade ao agricultor João Paulo de Sarges de Barros. Sarges de Barros, também agricultor nas proximidades, ao assumir o sítio, assumiu a devoção à Santa, como antes da transação foi acordado. Tinha Sarges de Barros um filho com o mesmo nome João Paulo de Sarges de Barros estudado, que logo conseguiu colocar no Seminário para estudar, com intuito de que, ordenado padre, viesse para a sua localidade. Já em 1740, Sarges de Barros resolveu fazer uma reforma de que a Capela estava precisando. Entretanto, ele achou melhor construir nova capela em pedra e cal, como já estavam usando. Para a construção da nova igreja, pelo que consta dos arquivos do Padre Alexandre de Lira Lobato, ele conseguiu uma planta no seminário onde o filho estudava e procurou executar a obra, construindo a atual igreja com arquitetura romana, para a qual teve muito apoio dos devotos. Já pelos dizeres do jornalista Carlos Corrêa Santos, publicado no jornal “A Província do Pará” do dia 14 de setembro de 2000, que cita uma apresentação do livro e ciclo CNCDP, quando a estudos do acervo de Landi, a professora Isabel Mendonça diz que é uma demonstração de uma série de obras em Belém e interior através da arquitetura ao italiano Antônio Guiseppe Landi, do século XVIII, como a capela de São João Batista, a Igreja e o Convento de Nossa Senhora do Carmo, na Cidade Velha, a Igreja de Sant’Ana, o palácio do Governo, atual Palácio Lauro Sodré, e tantas outras obras por Landi construídas na cidade de Belém, quando procurou mostrar as construções do interior, pois logo chegou a Europa, viajou muito para o interior para efetuar obras nas diversas localidades, demorando-se nas cidade de Cametá e Igarapé-Miri em construções de obras suntuosas. Pelo que nos consta, na cidade de Igarapé-Miri, a única obra era a igreja de Sant’Ana. Por essa razão, deduz-se que a igreja Matriz de Sant’Ana em Igarapé-Miri teve os olhos e as mãos do mais renomado arquiteto da história do Pará, Antônio Guiseppe Landi.

Com a igreja concluída, o filho de João Paulo de Sarges de Barros foi ordenado padre pelo Seminário, justamente no princípio da década de 1750, quando propôs ao pai fazer a doação da Igreja ao Bispado do Pará. Justamente a 29 de dezembro de 1752, o Bispo Dom Frei Miguel de Bulhões, em Pastoral, que a erigiu em Paróquia Calada, tendo trazido como secretário o Padre Manoel Ferreira Leonaldo, que em nome do Bispo, fez leitura da Pastoral. Achando-se atualmente em vista e procedendo com o beneplácito dos reverendos párocos da cidade de Campinas e as mais formalidades de direito, fundamos e erigimos, em paróquia Calada, esta igreja de Sant’Ana de Igarapé-Miri, a qual, daqui por diante, fica pertencendo ao Padroado Real, cujos limites principiam desta boca do mesmo Igarapé-Miri, ao rio Moju até o rio Piquiarana, inclusive para a parte de Abaeté, até a saída de um e outro rio da baia do Marapatá, em cuja edificação interpomos a nossa autoridade ordinária e decreto judicialmente. Dois anos após, achando-se criada e fundada a Paróquia de Sant’Ana em Igarapé-Miri, deu à comunidade novos valores de vida e desenvolvimento. Os costumes da época e a poderosa influência religiosa do século XVIII, bem justificam a prosperidade da Freguesia, depois da elevação da Igreja de Sant’Ana à categoria de Paróquia.O Reverendo Bispo Dom Frei Miguel de Bulhosa, voltou em visita à Paróquia Calada de Igarapé-Miri em junho de 1754, e em sua presença compareceu João Paulo de Sarges Barros, que declarou doar à Sant’Ana o terreno que ai possuía. Dessa doação foi lavrado o competente termo, em 25 de junho do referido ano, sendo assinado pelo doador, o beneficiário e as testemunhas, João Coelho da Silva, Manoel Caetano de Azevedo, Manoel Pereira Soares, Pedro Calestino Lobato, Alexandre Luiz da Silva, Antônio Gonçalves de Aguiar e Raimundo de Sá e Souza. Da Paróquia Calada de Igarapé-Miri foi seu primeiro vigário, conforme desejo de seu pai, João Paulo se Sarges de Barros, permaneceu como vigário até seu falecimento em 1777.

Hoje a Festividade de Sant'Ana constitui-se na maior e mais tradicional festa católica de todo o Baixo-Tocantins, atraindo milhares de turistas para Igarapé-Miri durante o período de sua realização.

Com informações de Wikipédia
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